Pelas ruas de Campinas

Nos últimos tempos, o campineiro tem reparado algo de diferente nas ruas da cidade. A cada semana, o número de cartazes defendendo o veganismo e os direitos dos animais só aumenta. A ideia vem do movimento VEGANize-já. Colados em muros, portões, grades e pontos de ônibus, os cartazes - e a ideia que eles transmitem - vêm conquistando cada vez mais adeptos e simpatizantes. Um dos ativistas que participa do projeto e prefere não revelar a identidade afirma que o propósito do movimento é divulgar e propagar suas ideias, colaborando de alguma forma pela preservação do planeta e contra a exploração dos animais. “Sempre busquei estar comprometido com o ativismo independente, já que grupos nasciam e se desfaziam. A proposta do VEGANize-já! não é necessariamente de um grupo, vejo mais como uma atitude, algo que podemos e devemos fazer diariamente, independente de se estar sozinho ou juntos”, diz o ativista, vegano há 11 anos.

O veganismo é um movimento político, social e filosófico que defende os direitos dos animais e a preservação do planeta, excluindo qualquer prática que explore um animal (alimentos, vestimentas, passeio a zoológicos etc). A ideia do VEGANize-já, portanto, baseia-se nesses fatores. O movimento surgiu em Campinas e começou a se espalhar em 2011, a partir de atividades de intervenções urbanas com performances e colagem de cartazes defendendo a proposta. De acordo com o ativista anônimo, aqui na cidade, mais de 2000 mil cartazes, faixas e grafites já foram feitos e espalhados, e a ideia é sempre tentar ampliar o projeto para novos locais e cidades. Para quem acha que o trabalho é ilegal, se engana. O organizador garante que as ações só se concretizam com a autorização dos proprietários ou em espaços públicos.

Independentemente da boa aceitação, o movimento conta somente com cinco voluntários fixos. O ativista diz que tenta não se preocupar com isso para não desanimar. "Existem algumas pessoas que ajudam de forma eventual e outras de forma mais participativa. Já fizemos atividades com apenas uma pessoa, e em outras ocasiões com umas quinze. Mas a ideia do cartaz ajuda bastante, porque mesmo estando sozinho, posso atingir um grande número de pessoas e despertar a curiosidade delas”. Apesar da dificuldade, há quem ajude. Através de publicações das atividades do movimento em redes sociais, pessoas de outro estado ou até mesmo de outro país chegam a conhecer o VEGANize-já e entram em contato para doar materiais ou dinheiro para comprá-los.

O ativista afirma que, mesmo com a boa receptividade, existe preconceito em cima do movimento. "Tem gente que acha que os animais são propriedade deles, que não merecem toda essa defesa e criticam nossa ideia por achar que não vai dar em nada". Por outro lado, há quem respeite. Gabriela Roberto, estudante que mora em Campinas há quatro anos, confessa que admira a iniciativa do projeto. "Apesar de não ser vegana, acho legal como eles são capazes de nos fazer pensar sobre a ideia e como insistem no objetivo deles, mesmo com todo o preconceito e dificuldade". O ativista vegano também conta que a defesa dos direitos dos animais atrai um número relevante de simpatizantes, “muitas pessoas nos procuram e pedem que grafitemos ou colemos cartazes contra a violência de animais em seus portões.

A página do movimento no Facebook contabiliza quase 2000 curtidas e é lá onde acontece a organização das manifestações e a divulgação dos projetos realizados. “Uma amiga minha compartilhou um post da página e eu entrei para ver. A partir do momento em que a manifestação é pacífica, é válida. Qualquer um tem o direito de se expressar”, diz Gabriela.

No video abaixo estão alguns dos cartazes espalhados pelas ruas de Campinas. Confira!