O mexicano que se diz campineiro

Mateo Piracés-Ugarte é mais um entre os outros milhares de gringos que moram em Campinas. O jovem de 22 anos nasceu em Naucalpan, no México, e foi criado em diversos países: “nasci em uma terra, mas me criei na mistura de várias. Saí do México aos 3 meses, fui para os EUA, vim para o Brasil. Depois de um tempo voltei para os EUA, vim para o Brasil, fui para a Alemanha e depois, finalmente, voltei para as terras brasileiras. Mas durante todo esse tempo, eu também viajava muito para o Chile. Por isso, me considero mexicano, brasileiro e chileno”.

Morador do bairro Barão Geraldo há três anos, Mateo vive com a sua banda, “a família que criei aqui”. Francisco, el Hombre é o nome do grupo musical, formado por Mateo, seu irmão Sebastián (também mexicano) e mais três brasileiros. A banda foi formada em 2012 e, desde então, faz bastante sucesso em Campinas e em cidades estrangeiras. “Faz 6 anos que não vou para o México, meu país querido, mas vou tocar com a minha banda lá esse ano. Estou muito feliz!”. Ao lado dos outros quatro integrantes do grupo, Mateo faz shows em diversas cidades do Brasil, do Chile, da Argentina e do Uruguai. Apesar da alma de aventureiro, é em Campinas que o músico diz ter vontade de ficar. “Em Campinas eu criei uma família. Vivendo longe dos meus pais e parentes, as amizades que criei aqui me fizeram adotar um sentimento de pertencimento a essa cidade. Sou muito grato aos moradores pela acolhida que me deram. Hoje, me considero campineiro de coração”, revela.

Admiração

O músico conta que está muito cedo para parar em uma cidade só, mas que sua vontade é envelhecer em terras brasileiras. “Eu tenho vontade de continuar vivendo no Brasil. Mas antes disso vou morar em outros lugares, viver novas experiências e criar novos laços. Quando for mais velho e quiser me aquietar (risos), volto para cá”.

Mateo afirma que a admiração pela cidade e pelo Brasil surgiu depois de viajar para outros lugares do mundo. “A simpatia do brasileiro é uma coisa que me surpreendeu muito. Todos fazem questão de fazer você se sentir bem longe de sua casa. Nos outros países em que vivi, as pessoas não faziam tanta questão para o fato de eu ser um imigrante e precisar de conselhos e ajuda. Aqui no Brasil é totalmente o contrário”. E é por isso que o músico tem tanto carinho por nossa terra. “Campinas não é uma cidade muito bonita como se imagina o Brasil, mas aqui eu tenho minha base que me faz voltar depois de minhas turnês com a banda”. Mateo afirma que é difícil comparar todos os lugares em que já morou, mas cada um agregou imensamente eu seu ser. “Comidas, tradições, feriados, modos de viver. Tudo isso foi responsável pela pessoa que me formei”.

O mexicano, apesar de ter vivido em diversas terras, confessa que recomendaria Campinas para um amigo de fora. “Eu, com toda certeza, indico Campinas para qualquer gringo que queira morar em outro lugar. Aqui eles vão se sentir bem acolhidos e abraçados pelos moradores. A energia do povo brasileiro é diferente. Sem contar que a comida daqui é a melhor de todas (risos)”.

Francisco, el Hombré

A banda foi formada em 2012 pelos irmãos mexicanos Mateo e Sebastián Piracés-Ugarte, que moram em Campinas. O grupo musical também é composto por mais três brasileiros: Andrei Martinez Kozyreff na guitarra, Juliana Strassacapa no vocal e percussão e Rafael Gomes no baixo. O grupo, que conta com ritmos latinos, fez uma turnê entre o final de 2014 e o começo de 2015 com viagens pelo sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, chamada “Mochilazo”. A turnê contou com cerca de 20 apresentações. O objetivo, de acordo com os integrantes em uma entrevista concedida ao G1 em dezembro de 2014, é reforçar laços artístico-culturais entre os diversos ritmos e histórias presentes no continente. "A turnê para a gente é o segundo passo para desconstruir as fronteiras da arte independente entre o Brasil e o resto da América Latina. É a expressão máxima do nosso trabalho e do nosso prazer”.

Francisco, el Hombré - Nudez (OFICIAL)

Imigrantes no Brasil

De acordo com dados divulgados pela Razamazz em abril de 2015, 231 milhões de imigrantes estão espalhados pelo mundo. O Brasil é responsável por acomodar 600 mil deles. No país, a região que mais atrai gringos é o sudeste (apresenta mais possibilidades de empregos). O país que mais possui imigrantes é os Estados Unidos, com cerca de 45 milhões. Já o país com o menos número é a Groenlândia, com apenas 5 mil. Os dados ainda informam os destinos mais escolhidos. Eles são, respectivamente, EUA, Rússia, Alemanha, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e França.

* Para conhecer o trabalho de Francisco, el Hombré, acesse o canal da banda no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC5VtwBCJALppUQal3cObUag

* Fotos tiradas do Facebook de Mateo