A arte de rua que invadiu Campinas
- Beatriz Meirelles
- 23 de mai. de 2015
- 4 min de leitura
Segundo dicionário, a palavra “grafite” tem origem no italiano “graffito”, palavra usada para designar os desenhos de épocas remotas, feitos em paredes. “Graffite”, por sua vez, é o plural de “graffito” e serve para designar os desenhos elaborados ao ar livre em geral. Visto como uma forma de arte urbana e de expressão pessoal, essa prática invadiu muitos muros e ruas das cidades brasileiras, inclusive as de Campinas, SP.
Grafite é arte de rua, pichação é vandalismo
O grafite é uma forma de arte muito valorizada não só no Brasil como internacionalmente. Visa intervir na paisagem urbana, fazendo com que a população reflita sobre o que está sendo representado. Ao contrário da pichação, o grafite é baseado em desenhos. Todas as letras e figuras utilizadas nas pinturas são pensadas, elaboradas, desenhadas e coloridas cuidadosamente, para que representem aquilo que o artista quer mostrar.


Desde 2001, na tentativa de combater o crime, a Prefeitura de Campinas desenvolveu uma série de projetos que oferecem espaços para a grafitagem e a iniciativa trouxe uma opção para a preservação do patrimônio histórico da cidade.
Pelas ruas de Campinas podemos encontrar muitos grafites, como por exemplo na Estação Guanabara e até mesmo espaços públicos de grande circulação de pessoas, como é o caso do Terminal Barão Geraldo (veja na foto abaixo).

Ele vive da arte
"Grafite pra mim é um modo de expressão, é querer viver da arte, querer passar alguma mensagem para a sociedade". O nome dele é Weslen Almeida, mas o artista é conhecido como Gelin. Natural de Sumaré, Gelin, 23 anos, já grafitou muitos muros em Campinas e região. Sua história com o mundo da arte de rua na verdade começou em 2009, mas a paixão pelos desenhos vem da infância "desde pequeno eu pstava de desenhar, eu pegava desenhos de figurinhas que vinham no chiclete e copiava em papel sulfite", conta o artista. Já adulto, Weslen conheceu o grafite e começou a trabalhar com o realismo, que retrata fotos nos muros. Uma técnica cheia de detalhes e sombreamentos.


O grafite não tem limite. O artista conta que grafitar é pintar qualquer tipo de superficie: madeira, pedra, ferro e até roupas. Gelin conta que seu principal objetivo como artista é passar uma mensagem através de seus desenhos. Atualmente o artista de rua ganha a vida com sua arte, com trabalhos encomendados, seja pintando muros ou roupas.
O grafite se traduz em imagens e frases e consegue dialogar com qualquer público ao contrário da pichação que tem uma linguagem própria "A pichação é só para os pichadores, o grafite não", conta Weslen.
Muitas vezes, o grafite sofre preconceito e é desvalorizado por ser confundido e comparado com a pichação, como conta Gelin "Já aconteceu de eu e meu colegas estarmos na rua pintando um muro que foi dado para a gente, durante o dia e a polícia ja chegou esculachando. Até os moradores muitas vezes olham com cara feia como se a gente tivesse fazendo algo errado", conta.
Muitos artistas que hoje são grafiteiros, começaram com a pichação: são jovens de rua, da periferia que encontram nos desenhos, uma forma de se expressar, de fazer revolução, de fazer diferença perante a sociedade. Para o artista, a má informação que permeia a sociedade é que faz com que as pessoas ajam com uma certa ignorância e a falta de oportinudade também restringe o jovem que quer virar artista. Para Weslen, grafite é revolução, pichação é agressão, "Não adianta querer revolução na sociedade pichando muros de pessoas, trabalhadores, que lutam para manter sua casa em ordem, e que também fazem parte do sistema. Não faz sentido", afirma.
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Terceiro maior muro grafitado de São Paulo: ele fica em Campinas
No domingo (26/04) em Campinas, grafiteiros de diversas cidades do estado se reuniram para colorir um muro de um quilômetro de extensão da sede do Terminal Industrial, Cargas e Logística de Campinas (Ticlog), no Techno Park pelo projeto chamado "Arte na Rua".
A enorme obra, de pelo menos 100 artistas de rua, demorou um dia todo para ser feita. O objetivo foi transformar o muro, repleto de pichações, em um espaço onde militantes do movimento do grafite pudessem deixar a sua marca. O tema das pinturas foi livre- a inspiração guiou cada grafiteiro ou crew (nome dado a grupo de grafiteiros). Segundo a organização do evento, agora o muro é o terceiro maior grafitado de São Paulo.
Já faz parte da paisagem A arte urbana intervém na paisagem de forma positiva, aumentando as chances do exterior ser notado e reinventado. É uma forma de mostrar que há sentidos na vida moderna das grandes cidades, pois o grafite também surge delas. Campinas, assim como São Paulo e tantas outras cidades tem suas expressões em grafite compondo o cenário de avenidas e viadutos. Pare um minuto e olhe em volta. Você que já passou pelas ruas de Campinas e notou um grafite bacana, mande uma foto com a hastag #grafitecampinas e ajude a colorir essa idéia!
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